Primeiro, veja o video excelente dos fedorentos...
Parece que cerca de nove mil pessoas se manifestaram em Lisboa no último fim de semana em favor do "não" à despenalização do aborto. Participaram na marcha também dirigentes dos partidos PSD (sem posição oficial) e CDS (oficialmente contra), entre os quais Marcelo Rebelo de Sousa, ex-líder do PSD. Segundo o jornal Público, Marcelo teria participado na condição de “observador”, como terá explicado, "porque sou do "não", mas não deste não".
Fico bastante satisfeito por saber que causas sociais tão nobres conseguem mobilizar tanta gente em Portugal a manifestar-se, e que tantos cidadãos se tenham empenhado em lutar e manifestar pelos seus valores. Como também é de louvar todos os muitos “movimentos de cidadãos” que se formaram pelo “não”, como um grupo de jovenzinhos (bem queques diga-se de passagem, desses que frequentam colégios privados “bem”) que vi na televisão. Até parece que neste momento é chique, de bom tom, ser-se a favor do “não”. Mas o espírito de cidadania é bom.
Lamento no entanto que tanto fervor de cidadania e de luta por valores nobres não se manifeste em outras ocasiões, quando toca a manifestar-se ou a defender os direitos cívicos ou sociais de certas minorias, ou em favor de outras causas. Certamente desfilar numa “gay pride” em favor do direito à diferença ou numa manifestação pelos direitos dos emigrantes é menos “bem” do que manifestar contra o aborto. Ou quando deveriam ter-se manifestado contra a invasão dos EUA no Iraque e contra a desastrosa política de George W. Bush no Médio Oriente (ou em qualquer lado diga-se de passagem).
Mas Portugal continua a ser um país de "brandos costumes", de “gente bem”… de moral dupla, um país de hipocrisias. E quem sabe se no próximo dia 11 de Fevereiro não irão ainda uma vez mais comprovar o conservadorismo empedernido e votar contra a despenalização do aborto (como já votaram contra a regionalização)... e voltar a ser a chacota da Europa…
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