17 décembre 2006

Cidadania: pelo "SIM" no referendo ao Aborto em Portugal

Primeiro, veja este video em Youtube (cortesia de Hector - muchas gracias!)
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Estudos já mostraram que o problema do aborto não é uma questão residual ou marginal em Portugal, como alguns pretendem, mesmo que não seja o problema de saúde número um das mulheres portuguesas. Mas é certamente uma questão de dignidade, e de igualdade! É dificil saber exactamente quantos abortos são efectuados cada ano em Portugal e menos ainda clandestinos. Mas 18 mil casos de aborto por ano (segundo estimativa da OMS - Organização Mundial de Saúde) é uma realidade que não pode ser escondida ou ignorada. Mas há estudos que apontam mesmo para os 40 mil abortos ilegais por ano. E quantas mortes? Segundo a organização Women on Waves podem-se dar em todo o mundo cerca de 80.000 mortes por ano devido a complicações com os abortos (outras estimativas apontam para 48.000), para um total estimado de 46 milhões de abortos. Em Portugal estima-se o número de mortes abaixo dos dez casos por ano para o aborto clandestino, mas é extremamente dificil conhecer exactamente os valores para estes casos clandestinos... Nos países onde o aborto é legal a mortalidade por aborto é geralmente baixa (0,2-1,2 mortes por 100 000 abortos). Mas nos países onde o aborto é ilegal ou muito restringido, a mortalidade por aborto é centenas de vezes superior (330 mortes por 100 000 abortos), segundo o The Alan Guttmacher Institute.

Em 11 de Fevereiro de 2007, Portugal organiza um referendo, o segundo, para a despenalização do aborto. No primeiro referendo, o "não" ganhou por pouco mas a percentagem de votantes foi muito baixa, cerca de 30% dos eleitores. A legalização do aborto por escolha da mulher é uma questão de justiça, de respeito e de dignidade. E é imperativo acabar a hipocrisia. Daqueles que pretendem ter uma moral elevada, daqueles e daquelas que em público se manifestam acérrimamente (e às vezes agressivamente) contra o aborto e às escondidas vão às clínicas espanholas abortar em toda a segurança. Enquanto aquelas que não dispõem de suficientes recursos financeiros continuam sujeitas a abortos clandestinos e aos riscos que daí podem decorrer. Chega de hipocrisia, a legalização do aborto não obriga ninguém a abortar e não será certamente utilizado como método de planeamento familiar, aliás estudos noutros países o demonstram. Vivam e deixem viver. E deixem as mulheres decidirem. Eu votarei "sim".

E como escreveu Pacheco Pereira no seu blog "Abrupto":

"Votarei sim no referendo sobre o aborto, sem grandes parangonas morais, sem grandes proclamações sociais, sem certezas absolutas sobre nada, nem sobre a moralidade, nem sobre a liberdade do acto de interromper uma gravidez. Respeito os dilemas dos que votam não, respeito os dilemas dos que votam sim, porque em ambos os lados há a consciência de que o que defrontam é um mal social, uma perturbação a evitar, um momento sempre de uma certa crueldade interior, a da vida aliás. Mas como não acredito em grandes proclamações morais, nem pelo sim nem pelo não, voto sim por um conjunto de razões dispersas, sociais, culturais e filosóficas, que admito que se diga serem de mal menor. Será de mal menor, mas quantas vezes muitas coisas que fazemos são de mal menor? Até no Catecismo da Igreja Católica há várias escolhas de mal menor.E porque, tudo ponderado, as vítimas da situação que hoje existe são as mulheres, sobretudo as mulheres, quase que só as mulheres. Merecem (ou exigem) que os homens que fizeram quase todo o mundo à sua volta, à sua dimensão e ao seu modo, e que entre outras coisas tem esta diferença fundamental que é não engravidarem, lhes dêem uma liberdade que elas sentirão sempre como sendo, no limite, trágica, mas como sendo uma liberdade. No dia do referendo votarei pela segunda vez na vida por género, como homem mais de que como cidadão." In Abrupto

Site do Movimento de cidadania pelo sim!

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