Comemora-se hoje o Dia Mundial da Poesia, que foi instituído na 30ª Conferência Geral da UNESCO, em 2000.
O jornal PÚBLICO lança hoje uma rubrica dedicada à poesia, “Um Poema por Semana na Internet” com a publicação semanal de um poema. O primeiro, como não poderia deixar de ser, é de Fernando Pessoa. O crítico literário Harold Bloom considerou-o mesmo, no seu livro The Western Canon (O Cânone Ocidental), o mais representativo poeta do século XX, ao lado de Pablo Neruda.
"Liberdade
Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O Sol doira
Sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca..."
Fernando Pessoa (1888 - 1935) in "Poesias", Lisboa, Ática, 1952 (Colecção Poesia)
Aqui fica ainda um excerto do poema TABACARIA, assinado pelo seu heterônimo Álvaro de Campos:
“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso,
tenho em mim todos os sonhos do mundo.”
e alguns links interessantes:
http://www.insite.com.br/art/pessoa/
http://fredb.sites.uol.com.br/pessoa.html
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