Segundo noticia o jornal PUBLICO, os pedidos de companhias aéreas em lista de espera para o Verão 2006 para o aeroporto da Portela em Lisboa aumentaram seis vezes. A ANA (empresa gestora do aeroporto) prepara um plano de "emergência" para responder ao aumento de novos voos no aeroporto, enquanto as obras de alargamento da capacidade da aerogare não estiverem concluídas, dentro de três a quatro anos!
Mas, como será possível ter-se chegado até aqui? Como é possível chegar a planos de emergência? Como é possível que não exista uma planificação e estudos de tráfego e de mercado feitos atempadamente? Quantos milhões de Euros mais se terão de perder para o turismo na zona de Lisboa e em Portugal, porque em Portugal só se fala e se perde o tempo a fazer estudos (que parece que servem para pouco), a deitar abaixo aquilo que os "outros" propõem, em vez de trabalhar colectivamente, em vez de fazer as coisas bem feitas, (neste caso as infraestruturas aeroportuárias) no seu devido tempo?
É que, se as coisas fossem feitas como deve de ser, em 2009 ou 2010, deveria entrar em serviço um novo aeroporto de Lisboa, e os cerca de 400 milhões de Euros previstos para as obras (de remedeio, porque são apenas isso) na Portela teriam sido evitados. Isto sim é má gestão, mau governo dos dinheiros públicos, por sucessivos governos em Portugal. E quem paga? O contribuinte português.
Segundo a notícia do Publico, o aeroporto de Lisboa tem em lista de espera 5786 pedidos de slots - 6 vezes mais do que os 835 pedidos para o mesmo período, no ano passado. Desses, uma grande parte (1857) provêm da TAP e da Portugália. Esses slots são particularmente importantes para a TAP e para a sua estratégia de expansão no mercado Brasileiro, que vai crescer novamente este Verão, e para a formação do tal hub para o Brasil em Lisboa. Mas entretanto as obras de melhoramento da capacidade da Portela só estarão totalmente concluídas em 2009!
E em Portugal queixam-se de falta de competitividade! Mas a competitividade é isso mesmo: saber prever a tempo, planificar e executar atempadamente, dispor das infraestruturas e dos serviços no momento justo em que existe a procura de mercado - antecipar o mercado. Para melhorar a produtividade e a competitividade não é preciso necessariamente reinventar a roda nem re-descobrir a pólvora, nem criar centros de altas tecnologias. É preciso fazer bem aquilo que podemos, sabemos e onde temos vantagens competitivas. E o turismo e serviços são certamente dos sectores onde devemos e podemos ser competitivos.
A esta velocidade o tal hub tão desejado para o Brasil irá para Madrid (onde um novíssimo terminal acaba de ser inaugurado), a TAP perderá a vantagem que tem, e depois, com a tão falada privatização da TAP, será fácil e tentador para a poderosa Ibéria controlá-la, para melhor dominar todo o mercado de ligação Europa-América do sul, tornando-se então a TAP apenas mais uma companhiazita regional. Mas entretanto, alguns bolsos receberão uns milhõezitos e todos ficarão contentes, enquanto o país fica cada vez mais periférico… uma espécie de reserva ecológica… mas alegremo-nos, pelo menos Lisboa terá bons ares, não poluídos, pelo menos não por aviões de ligações intercontinentais.
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